Rosa de Hiroshima
- presscomimprensa
- 26 de jun.
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Misturando poesia, crítica social e ousadia estética, o grupo Secos & Molhados marcou profundamente a música brasileira nos anos 1970. Formado em São Paulo, o trio original – Ney Matogrosso, João Ricardo e Gerson Conrad – lançou seu primeiro disco em 1973, em plena ditadura militar, e revolucionou o cenário artístico com figurinos andróginos, performances teatrais e letras carregadas de simbolismo.
Essa história aparece no filme "Homem com H", cinebiografia dramática dirigida por Esmir Filho e estrelada por Jesuíta Barbosa como Ney Matogrosso, que estreou há pouco na Netflix.
Um dos destaques do primeiro disco do Secos & Molhados é "Rosa de Hiroshima", adaptação de um poema de Vinicius de Moraes escrito nos anos 1950, como alerta sobre os horrores provocados pela bomba atômica lançada sobre o Japão em 1945.
A canção transforma a figura da rosa, geralmente associada à beleza e à vida, em um símbolo de destruição e dor. “A rosa radioativa”, “sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada”, representa o impacto da guerra nuclear.
Faz referência à bomba de Hiroshima, a primeira arma nuclear usada em combate na história da humanidade, lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima na reta final da Segunda Guerra Mundial.
Na voz expressiva de Ney Matogrosso, a música ganha ainda mais força e emoção. Com melodia suave e clima sombrio, "Rosa de Hiroshima" é uma canção curta, mas intensa, que segue atual em tempos de conflitos e ameaças à paz.
Presta atenção na letra:
Rosa de Hiroshima
(Vinicius de Moraes/Gerson Conrad)
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor, sem perfume
Sem rosa, sem nada
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