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Nem tudo pode ser perfeito, Dinho, mas dá para melhorar...



"Nem tudo é como você quer, nem tudo pode ser perfeito. Pode ser fácil se você ver o mundo de outro jeito".

De fato, como canta o Dinho Ouro Preto, da banda brasiliense Capital Inicial, em "Não olhe pra trás", nem tudo pode ser perfeito. Aliás, está longe disso a frase "se você ver o mundo de outro jeito".


Essa parte da canção sempre doeu nos meus ouvidos. Afinal, o verbo ver, nesse caso, deve ser conjugado no futuro do subjuntivo, tempo verbal que indica a possibilidade, a hipótese, de uma ação ocorrer no futuro.

Portanto, o correto seria "se você VIR o mundo de outro jeito". Não dá pra dizer que é licença poética, porque trocar o certo pelo errado não mudaria em nada a música. Só a deixaria melhor.


Já em "Eu nasci há dez mil anos atrás", do Raul Seixas, essa justificativa até que cola. "Há" indica tempo passado, assim como "atrás". Por consequência, é exagero juntar os dois. Melhor seria "Eu nasci há 10 mil anos" ou "Eu nasci 10 mil anos atrás".


Mas acontece que "atrás" rima com "demais" do trecho seguinte: "e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais". Seria um quebra-cabeça para tirar o "atrás" e manter o ritmo da música. O trabalho, entretanto, valeria a pena, em nome do bom português.


Lembrei também de "Pátria Amada", da banda paulistana Inocentes, que tanto ouvi na adolescência. "Pátria Amada, é pra você esta canção, desesperada, canção de desilusão. Não há mais nada entre eu e você, eu fui traído e não fiz por merecer".


Letra legal, mas o "entre eu e você" machuca o tímpano. Após as preposições, emprega-se a forma oblíqua dos pronomes pessoais. Neste caso, depois da preposição "entre", deveria vir "mim". Deste modo, o correto seria "Não há mais nada entre mim e você". Mais uma vez, a mudança não alteraria o ritmo.


Curioso, pesquisei no Google outras letras que trazem, por que não?, divertidos erros de português. Vale a pena! Ah, "Inútil", do Ultraje a Rigor, não conta, porque lá a coisa foi proposital.

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