Você sabe o que é voltarete? Piparote? Macacoa? Até recentemente, eu também não sabia. A esses vocábulos, assim como a dezenas de outros, venho sendo apresentado enquanto leio “50 Contos de Machado de Assis”, que reúne belos exemplares da obra do notável escritor brasileiro nesse estilo. A criteriosa compilação é de John Gledson, professor aposentado da Universidade de Liverpool, que atua como tradutor e ensaísta e é especializado em nossa literatura, sobretudo Machado.
Em especial quando leio livros de época, tenho por hábito manter ao meu lado o celular, para ir buscando o significado das palavras que desconheço. E, humildemente assumo, numa obra de Machado são muitas, muitas mesmo, aquelas que simplesmente não fazem parte do meu vocabulário. Natural, afinal, porque os idiomas são vivos e constantemente renovados. Mas se render à preguiça de consultar um dicionário quando não se conhece um termo representa perder um bom tanto do encanto – e, às vezes, do entendimento – do texto.
Então fica aqui esta dica: tenha sempre como companheiro um dicionário, impresso ou virtual, ao qual possa apelar quando se deparar com uma palavra que nunca leu ou ouviu. E isso não vale só para obras clássicas, mas para toda a linguagem, escrita ou falada, que você consumir. Por exemplo: tem uma meditação guiada, com narração do médium, escritor e filantropo Divaldo Pereira Franco, que fala em “onomatopeias da natureza”, “revérberos solares” e num “céu recamado de estrelas”. Desconhecer o significado dessas expressões é prejuízo certo à beleza do exercício.
E a segunda dica é: leia! Leia jornais, revistas, sites. Leia livros modernos, antigos, clássicos. Leia crônicas, contos, histórias em quadrinhos. No momento, venho saboreando três obras, cada uma no seu quadrado. Quando sobra um tempinho, releio alguma edição da minha coleção de “Asterix”, gibi que adoro, cujos exemplares estavam esquecidos num armário da casa da minha mãe. Se quer escrever bem, leia! Se quer falar bem, leia! Não leia por ler, entretanto. Saboreie o texto, perceba como o autor montou as orações, faça uma análise crítica não só do conteúdo, mas também da forma.
“Quem não tem amigo, mas tem um livro, tem uma estrada”, cravou Carolina Maria de Jesus (1914-1977), escritora, compositora e poetisa brasileira. Essa estrada pode singrar céus e mares rumo a qualquer lugar que sua imaginação permitir. E para sua mente, não há limites, pode apostar.
Ah, quer saber sobre as palavras que abrem este texto? Pesquise!
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