Tem dúvidas sobre a utilização da crase? E quem não as tem? Quando escreveu Os Lusíadas, nos idos do século 16, Camões deve ter se detido umas tantas vezes, enquanto redigia os 8.816 versos decassílabos de sua obra-prima, para se perguntar: “Pois, pois... Coloco eu cá uma bendita crase ou não?”. De fato, o maledeto acento grave nos tortura. Há várias regras para sua correta aplicação, e outras tantas exceções, o que cria uma confusão dos diabos em nossas mentes lusófonas.
A crase nada mais é que a soma do artigo definido “a” com a preposição “a”. Pense assim: se eu juntar “a” com “o”, tenho “ao”. Se juntar “a” com “a”, tenho “à”. Portanto, experimente trocar a palavra feminina na sua frase por uma masculina. Por exemplo: “Fui ao colégio”. Perceba, você uniu a preposição “a” ao artigo “o”. E se em vez de “colégio” fosse “escola”. Isso! “Fui à escola”. Preposição “a” + artigo “a”.
Então está aí uma dica de ouro: antes de palavras masculinas, nunca há crase (sobre “àquele” a gente fala outro dia...). São várias as possibilidades de utilizar o acento grave ou não, mas aqui vamos nos ater a lugares, mais especificamente cidades, estados e países. E aí lhes presenteio com uma fórmula mágica: “Se veio da, crase há; se veio de, crase por quê?”.
Vamos aplicá-la na prática. “Fui a Bahia” tem crase? Você veio “da” ou “de” Bahia? Da. Então crase há! Portanto: “Fui à Bahia”. E fui a Manaus? Você veio “de” Manaus, assim, crase por quê? O que nos leva a concluir que: “Fui a Manaus”, sem crase. Mais um exemplo. “Fui a Finlândia”. E aí? Você veio “da” Finlândia, e assim sendo: “Fui à Finlândia”.
Espero que, com essas dicas, em sua próxima viagem você saiba se deve levar a crase na sua bagagem ou não. Fui!
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